Steve Jobs: o falso mito, o explorador
Em
5 de outubro de 2011 morria Steve Jobs, dono da Apple. Os panegíricos e
as hagiografias à sua pessoa pululavam até o aborrecimento em todos os mass media,
como se fosse um santo, um gênio e um grande homem. Uma semana depois
falecia Dennis MacAlistair Ritchie, cientista da computação
estadunidense, e ninguém ficou sabendo. Enquanto do primeiro se falava
em todos os meios de comunicação, o segundo apareceu apenas em alguns e
como notícia secundária.
Dennis Ritchie é considerado um dos pais
da computação moderna. Sua contribuição foi imensa: colaborou com a
arquitetura e o desenvolvimento dos sistemas operacionais Multics e
Unix, assim como com o desenvolvimento de várias linguagens de
programação, como a C, tema sobre o qual escreveu um célebre clássico
das ciências da computação junto com Brian Wilson Kernighan: A linguagem de programação C.
Recebeu o Prêmio Turing de 1983 pelo desenvolvimento da teoria dos
sistemas operacionais genéricos e sua implementação na forma do sistema
Unix. Em 1998 lhe foi concedida a Medalha Nacional de Tecnologia dos
EUA. No ano de 2007 se aposentou, sendo o chefe do Departamento de
Pesquisa em Software da Alcatel-Lucent. Jobs, ao contrário, não foi “o
maior contribuinte do mundo da informática”, como alguns o qualificaram.
As contribuições de Jobs na área propriamente dita são simplesmente
nulas.
A imprensa ianque ressaltava que Jobs
teve “uma vida exemplar e extraordinária”; e a de outros países, não
ficando para trás, lhe renderam cumprimentos como “um homem que quis dar
seu amor e dedicação para satisfazer as massas”, “pioneiro”, “um grande
criador de postos de trabalho” e “revolucionário”, entre outros alardes
de servilismo e ignorância.
Jobs fez uma enorme fortuna (estimada em 8,5 bilhões de dólares) à base da utilização
e exploração em benefício próprio de bens comuns sem os quais não
alcançaria seus êxitos e, claro, da exploração de outros seres humanos
(especificamente em Shenzen, na China, onde se exploram brutalmente os
trabalhadores que têm jornadas de seis dias por semana, 16 horas por
dia, e em condições militares em suas linhas de produção; onde se
produzem suicídios e se assinam contratos nos quais se renuncia aos
direitos trabalhistas e até penais, segundo publicou o jornal inglês
Daily Mail). Existe um ambiente de terror bem-documentado na obra de
Mike Daisey A agonia e o êxtase de Steve Jobs. A hostilidade de
Jobs às classes trabalhadoras já era há muito conhecida, como expressa
seu conselho a Obama para imitar a China, o que permitiria às empresas
estadunidenses, na China e nos EUA, que “fizessem o que quisessem”
[sic], sem nenhum tipo de proteção aos trabalhadores nem ao meio
ambiente.
Também quiseram nos apresentar Jobs como
um gênio que trouxe grandes avanços à tecnologia e ao design. Como já
dissemos, não apenas não fez absolutamente nada como também se utilizou
em benefício próprio de bens comuns, sendo que seus designs sempre foram
questionados por serem plágios ou cópias descaradas do que outros
criavam. (Algumas manchetes: O design do novo iMac… plagiado?, O Navegante, janeiro de 2002; Samsung acusa Apple de copiar design do Ipad, VidaDigitalRadio.com; Apple copia design de Kubrick…, Apple copia Android em seu iO5, etc., etc.).
Seu objetivo sempre foi acumular dinheiro
– e, quanto mais, melhor. Para as corporações ianques e
“empreendedores” do mundo capitalista ele era e ainda é o exemplo
perfeito do que se deve ser; para as classes populares, para o
proletariado mundial, é o paradigma do que devemos combater.
(Extraído do jornal Octubre, do Partido Comunista Espanhol Marxista Leninista)
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